Sem noção de amor fraterno// O homem agride o irmão,// Num ato que mostra o inferno// Que traz no seu coração.
Rosa Regis Brincando com os Versos
Pensares que se transformam //espalhando poesia, //pegam carona no vento// enchem meu ser de alegria
Meu Diário
02/04/2010 19h38
Sozinha no Mar da vida
 
 
 
Com a vida repleta de emoções
eu me vejo perdida de afazeres
que o tempo me tomam. E os prazeres
os esqueço em meio aos turbilhões
de problemas que, como furacões
fazem o barco da vida naufragar
me deixando sozinha em alto mar
de desgostos, saudades e temor
de que as ondas da vida ao meu amor
me tomou para nunca mais voltar.
 
 
 
 
Rosa Regis
Publicado por Rosa Regis
em 02/04/2010 às 19h38
 
16/10/2009 02h06
A rosa apaixonada

 A ROSA APAIXONADA



 

 

Meu coração ficou mudo


E surdo de emoção


Quando viu que quase tudo


Que fez por ti foi em vão.


 


28.07.2009

Publicado por Rosa Regis
em 16/10/2009 às 02h06
 
16/10/2009 00h47
O DISTINO DE JUSÉ, FIO DE DONA SINHÁ

 
 

O DISTINO DE JUSÉ

  FIO DE DONA SINHÁ

 

      (inselença)

Meu povo, me dê licença

Prumode a rede passá!

Nói vamo interrá Jusé

Qui já cumeça a cherá!

Morreu de morte matada:

Pra mai de doze facada.

Lhe matáro pra robá.

               ...

Assim cumeça a históra,

Contada de trái pra diante:

Uma históra sem gulóra

D’um matuto arritirante

Qui partiu da sua terra,

Do sertão no pé da serra,

Puresse mundão avante.

 

É a história de Jusé

Fio de dona Sinhá,

Qui dexô a sua terra

Poi já num tinha o qui dá

Prumode a sêeeca, doutô!

E pra capitá se mandô,

Buscano in que trabaiá.

 

Um dia, de manhãzinha,

S’alevanta distimido,

Dizeno a muié: - Chiquinha,

Já tô mermo arrizuvido!

Tu arrebanha os minino

Qui agora o nosso distino

É o qui Deus fô siivido.

- Tem um povo arrebanhando

Gente pra ir trabaiá.

Mai só leva sem muié!

Eu num quero ti dexá.

Pra donde eu fô tu vai!

Nossos fio vão atrai.

E Deus vai nos ajudá.

 

A muié, obidiente

Qui era, já cumeçô

A arrumá os mulambo

Cuma o marido mandô:

Roupa véia, arremendada;

Carça cum perna rasgada;

Pedaço de cubertô.

 

Arrebanhô os minino

Qui táva tudo ispaiado:

Maigarida, Sivirino,

Zabé, Antonha, Conrado.

E mais argum, que agora:

No momento, nessa hora,

Eu num mermo alembrado.

 

Zé, c’uma inxada no ombro,

Onde vai dipindurado

Um cabacinho cum água

E um matulão de lado

Cum farinha de mandioca,

Beiju seco, tapioca

E um caiquinho assado.

 

U’a peixêra de doze

Pulegada na cintura;

U’a ispingarda de soca

Nas costa, c’uma atadura.

Já tá pronto pra parti,

Pro seu distino siguí!

Oh...  infili criatura!!

 

A muié trai u’a trôxa

Cheia de pindurucaio:

Lamparina a querosene;

Pente sem dente; chucaio;

U’a istêra suja e véia,

Culé de pau, u’a greia,

E um pau c’um papagaio.

 

Um papêro sem o cabo

Prumode fazê café.

Gaifo?!... Nunca uviu falá!

Leva três, quato cuié.

Os péi pisano de lado.

Discarça. Os dedo inchado,

Cheios de bicho-de-pé.

 

Num arrecrama de nada

Pois véve cuma Deus qué!

E, obidiente ao marido,

Fai sempre o q’ele dixé:

Ele é quem manda! É o rei!

A sua palavra é lei!

O q’ele qué é o qui é.

 

A mininada tomém

Num recrama, num dir nada!

Sisuda, vai caminhando,

Pés discarço, na istrada.

O Só a pino, torrano...

A areia os péi queimano.

Ô  situação danada!

 

Alembra a cabra Cicia,

Que tanto leite duô

A todos ele, e qui a seca

Marvada, pra si tumô:

Foi sumino... foi sumino...

Se isvaino... se isvaino...

Inté qui um dia tombô.

 

C’uns tá pensamento triste,

Vão chegano ao povoado

Adonde vão imbaicá,

Num õimbu veio, fretado.

Vão tentá vida in Sum Pálo!

E Jusé sente um intálo

Cuma se tano ingasgado.

 

As suas inculumia,

Qui já roubô das barriga

Dos fio, já se foi tôda...

Pensa. E o Só, qui castiga

Seu quengo, inquanto caminha,

Lhe provoca u’a murrinha,

Um má istá... ô fadiga.

 

Discansa um pedacim

Cum Sinhá Chica ao seu lado.

Um gole de água morna

E já tá recuperado.

Têm qui chegá no lugá

Ante do õimbu zaipá,

Ou pra trai vão sê deixado.

 

Chegam no lugá na hora!

O õimbu já vai partí.

Nem dá tempo de pensá

Se deve ô num deve í.

E o chofé, mei maroto,

- O õimbu tá num pé e n’outo!

- Quem vai, entre! Ou fica aqui.

 

Dez dia saculejano!

Os osso tudo muído.

O istambo arrivirado

Pelo pôco arricibido.

Nos onze, cantano o galo,

A frota chega a Sum Pálo

Sem distino garantido.

 

Um mundão discunhicido

Sispáia na sua frente!

Zé tenta istirá as perna

Qui tão ficano drumente.

O motorista, infezado,

Recrama, já arterado,

Cum palavras indecente.

 

Arreia as pôca bagage

Dos pobe ali na carçada.

Acelera e vai simbora,

Sem liga à pobraiada

Que ficô ao “deus dará”,

Sem tê pra donde apelá.

Êta  vida desgraçada!

 

Vão s’iscorano nos canto,

Pois o cansaço é dimai,

Vorteano a rodoviára:

Uns na frente, outos atrai.

Sem banho, sem alimento:

Com fome, frio, e fedorento,

O sono é Cum’um dirmai.

 

E, ainda de madrugada,

São, pela guarda, acordado

Dibáxo de gritaria,

De sujo palavriado:

- Alevanta! Arriba! Arriba!

- Disinfeta Paraíba!

- Bando de irmulambado!

 

Jusé ajunta a famia,

Sai dali discunfiado:

Veno as coisa deferente

Daq’ele tinha pensado.

Vão andano nas carçada...

Ninguém inda cumeu nada!

E o istambo manda o recado.

 

Incosta num viaduto,

Onde incronta ôta famia

De nordestino, qui ali

Tá. E já fai muitos dia,...

Muitos mês... muitos ano...

Poi já num tão mais contano,

Qui véve nessa agunia.

 

Zé, mei cabrêro, pregunta:

- Amigo, posso abancá

Cum minha famia aqui?

- Se Vossa Mecê dexá,

Nói fica agradicido!

Pois tamo disprivinido

E sem tê donde morá.

 

Vão ficano... e sem trabáio,

Cumeçam a irmolá.

As fia se prostitui.

Os fio cumeça a robá.

O tempo vai se passano...

E os seus sonho, seus prano,

Já cumeça a disbotá..

 

A sua terra quirida

Já vai se disvaneceno

Da sua mente firida.

Pruque, agora viveno

A miséria e o disamô

Da capitá, Seu Doutô!

Do amô vai sisqueceno.

 

E... um dia... manquitolano...

Vem Zé de dona Sinhá,

Agora Zé de Chiquinha,

Banzano... assim... a pensá...

Tristono por não ter tido,

Nesse dia, garantido

Nem o quinhão do jantá.

 

Cabeça báxa... rismunga...

Recramano sua sorte,

A disgraça da famia

E a sodade do Norte...

De repente!... à sua frente...

U’a faca reluzente!

É o anunço da morte.

 

- Passa a grana paraíba!

- Hoje tu num vai cumê!

- Nem tu nem tua muié!

- Tu sabe mermo pru quê?

Pruque eu vô te matá,

E a tua grana levá!

- Num adianta corrê!

               ...

Morreu o Zé de Chiquinha!

Ninguém sabe quem matô.

Argúem diz qui foi um fio

Dele mermo, qui indoidô.

E ôtos dize: - Foi ladrão!

Só se sabe qui o Sertão,

Cum tristeza, meu patrão,

A sua morte chorô.

 

Obs: Qualquer semelhança com a realidade,é pura coincidência.

Abril de 2007


 



Publicado por Rosa Regis
em 16/10/2009 às 00h47
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
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12/10/2009 22h26
VELHO SINO
VELHO SINO...
 
Rosa Regis
(Ao Campanário do poeta Fernando Cunha Lima –
O nando e à Velha Igreja do poeta Odir)
 
Velho sino que ao canto foi jogado
Pois já sem serventia se achava,
Às missas e aos finados não dobrava,
Estava sujo, velho, enzinabrado.
 
De boca para baixo, ao chão sentado,
Tristonho, pareceu-me que chorava
Ao contato da brisa que o alisava
Penetrando-lhe a fresta do rachado.
 
Saudades sinto eu do teu chamado,
Badalando as Sete da matina
Do Domingo. Ainda era menina.
 
A imensa saudade me domina.
Tu és um velho amigo do passado
Que, por não ser mais útil, é desprezado.
Publicado por Rosa Regis
em 12/10/2009 às 22h26
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