Sem noção de amor fraterno// O homem agride o irmão,// Num ato que mostra o inferno// Que traz no seu coração.
Rosa Regis Brincando com os Versos
Pensares que se transformam //espalhando poesia, //pegam carona no vento// enchem meu ser de alegria
Textos
A MENINA DO LEITE
(originária das Fábulas de Esopo)


Num dia primaveril,
Claro e ensolarado,
Seguia aquela menina
A caminho do mercado.

Com seu jarro na cabeça
Oferecia e sorria:
- Olha o leite! – Olha o leite!
Este era o seu dia a dia.

Falava com os animais,
Com todos que encontrava!
Do maior ao pequenino,
Ela os cumprimentava.

Caminhava tranqüilamente,
Suavemente, imitando
Quase que um passo de dança,
Alegremente pensando:

“Venderei todo esse leite,
Com o dinheiro comprarei
Cem ovos. E cem pintinhos
Logo, logo, pois, terei.”

“Os pintinhos vão crescer,
Então eu os trocarei,
No mercado, por um porco
Ao qual engordarei”.

“Quando ele ficar roliço
Então eu o trocarei
Numa vaca com bezerro,
A quem alimentarei”.

“Sendo bem alimentada,
Muito leite ela dará,
Com o qual farei muitos queijos.
E o bezerro crescerá

Forte e sadio...” – Já estou
Vendo o bichinho correr
No campo, entre as ovelhas!
Diz ela, a estremecer.

Há em seus olhos um brilho
De puro contentamento.
E a menina esquece
Do jarro, por um momento.

Entusiasmada, começa
A dar pulos de alegria,
Esquecendo-se do jarro
Que na cabeça lhe ia.

Com o movimento brusco
O jarro escorregou
E se desfez em pedaços
Quando na terra tocou,

Como os sonhos da menina.
E o leite se esparramou
Derramado no caminho.
Só chão molhado restou.

Adeus porco... adeus pintinhos...
Adeus bezerro... adeus vaca...
Lamentava-se a menina
De lágrimas, a vista opaca.

Por sonhar tanto, perdera
O que tinha garantido
Como seu, pois esquecera
O que fazia sentido.

A única coisa que tinha
Não poderia esquecer,
Porém, perdida a sonhar,
Tudo viera a perder.

Sonhar faz parte da vida,
Sem sonhos não há viver!
Porém sonhar sem deixar-se
Totalmente se envolver.

Sonhar com os pés no chão!
Com responsabilidade!
Com o cuidado devido
À nossa realidade.


Fim

Rosa Regis

Natal/RN – 06 de setembro de 2008
Rosa Regis
Enviado por Rosa Regis em 20/09/2008
Alterado em 30/07/2016
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